23 de nov. de 2021

5 motivos para ler: O Labirinto do Fauno - Guillermo del Toro & Cornelia Funke


Sinopse: Na década de 1940, diante da brutalidade de seu cotidiano na Espanha fascista, Ofélia, uma menina de treze anos cujos melhores amigos são os livros, é conduzida a um universo mágico, que extrapola os limites entre sonho e realidade, beleza e horror. O labirinto do Fauno, uma ode ao poder das histórias, seja em imagens ou palavras, e a sua capacidade de transformar a realidade a nossa volta

 5 MOTIVOS PARA LER O Labirinto do Fauno 






👩👧👰 Uma narrativa carregada por mulheres

Um dos motivos mais interessantes para ler O Labirinto do Fauno é que as personagens que carregam a história são personagens femininas. Temos exemplos de mulheres bem diferentes, com passados diferentes e motivações diferentes, porém todas têm uma força peculiar.

👧Ophelia: Apesar de ser apenas uma criança é a protagonista da historia. Órfã de pai, ela acredita em uma versão mais bonita do mundo, devora livros e questiona as escolhas da mãe o tempo inteiro porque não entende as necessidades do mundo adulto.

👰Carmen: A mãe de Ophelia, é uma mulher na casa dos trinta anos e que está grávida de um homem cruel e vilão da história, Capitão Vidal. Viúva, pobre, sozinha e com uma filha para criar, Carmen faz escolhas que a deixam segura na sociedade dos anos 40, embora não sejam escolhas felizes.

👩Mercedes: A terceira mulher essencial nessa trama é a governanta da casa do Capitão Vidal. Ela tem um papel muito importante na trama porque é um porto seguro para Ophelia e um canal direto com o grupo de rebeldes que luta pela liberdade do povo na Espanha fascista.

👩👰Mulher contra mulher:

Como a narrativa é contada aos olhos de Ophelia, nós leitores somos "levados" a ver as personagens Mercedes e Carmen como contrapartes. Uma é o oposto da outra, o que torna muito fácil colocá-las em oposição.

Porém, elas são mulheres muito diferentes e é justamente o passado e a situação social de cada uma que as faz ser o que são.

Mercedes é rebelde, ao observarmos seu irmão no decorrer da história. Para Mercedes, é natural se opor àquilo que é considerado normal, por isso se comporta como uma mulher independente. Já para Carmen, entretanto, estar segura sob a proteção de um homem é o ideal.

No decorrer da leitura subestimamos Carmen e favoritamos Mercedes já que estamos lendo seguindo a narrativa de Ophelia e é exatamente isso que ela faz. Porém, podemos julgar as escolhas de Carmen? Afinal, Mercedes vem de outro contexto. Ophelia é apenas uma criança. Nenhuma das duas entende as escolhas que Carmen precisou fazer.

 💀 Uma trama com raízes na mitologia pagã

O Labirinto do Fauno tem raízes na mitologia pagã celta.Temos um fauno na história, uma ligação clara com a lua, a natureza e a vida da floresta como um valor importante e aquilo que pode ser uma metáfora sobre a relação de morte e vida entre a deusa mãe e o deus de chifres.

O fauno é a representação do deus de chifres e do espírito da floresta, conhecido em outras mitologias como Pã, Dionísio, Cernunnos, etc. Inclusive, o próprio Fauno se referencia como Cernunnos na narrativa do livro.

🌙 O papel da mulher e da lua

Na mitologia celta pagã, a lua é uma extensão da deusa mãe e suas fases estão ligadas diretamente às fases da vida de uma mulher e, também, com a menstruação. O ciclo de uma lua dura 28 dias, assim como o ciclo menstrual da mulher.

A lua crescente é a donzela, a lua cheia é a mãe e a lua minguante é a idosa, sendo a lua nova uma face obscura feminina, o lado ruim da mulher. Na história, o Fauno diz que Ophelia é a filha da lua porque ela tem uma marca de nascença em forma de lua.

São as fases da lua que regem sua história, também. O fauno diz a ela que o prazo para voltar ao Reino Subterrâneo está chegando ao fim porque a lua está quase cheia, referenciando também Carmen. A única mulher na história que é uma mãe é uma personificação da deusa mãe.

As estações do ano

O ano se divide entre os reinados da deusa e do deus na mitologia pagã. As estações do ano são um acordo de domínio entre eles. A deusa rege o verão e a primavera, períodos em que a terra está quente e fértil. Enquanto o deus de chifres rege o outono e o inverno, períodos secos, frios e difíceis para a humanidade.

O trato entre eles é que enquanto um deles reina, o outro está morto. E assim como a humanidade, os deuses também nascem, envelhecem e morrem nesse período. O solstício de inverno e de verão é o onde um deles morre e o outro nasce.

Quando o solstício de inverno está chegando, a deusa mãe começa a enfraquecer. Ela morre ao chegar o solstício, entregando o reinado ao deus de chifres, que por sua vez, morre ao chegar o solstício de verão.

E essa é uma representação trazida em O Labirinto do Fauno através de Carmen e do Fauno. Carmen está morrendo à medida que sua gravidez avança, se tornando cada vez mais fraca até que sucumbe. Enquanto isso, vemos o fauno ficar cada vez mais jovem e forte na floresta. No dia da morte de Carmen, é quando vemos o Fauno em seu ápice.

📚 📺 Uma trama que funciona tanto na literatura quanto na tela:

A trama de O Labirinto do Fauno tem consistência, subverte as expectativas dos contos de fadas, fala sobre política e magia. Embora, seja uma história criada para as telas antes de se tornar um livro a autora, Cornelia Funke consegue descrever muito bem o filme escrito por Guillermo del Toro. Um exercício bastante interessante de se fazer é observar como escritor descreve os silêncios das cenas mais emblemáticas do filme... No livro, a autoria de Guillermo del Toro & Cornelia Funke foi uma parceria bem fiel a obra cinematográfica.Os leitores, conseguem ter a mesma experiência que alguém que só assistiu o filme.

As metáforas por trás das tarefas:

Nas três tarefas: o sapo, o homem pálido e a última tarefa que é sacrificar sangue de um inocente. Existem metáforas por trás das atitudes violentas que são colocadas no meio do plano recusando o cinismo de ocultar tais coisas, de transformar a imagem da crueldade (e da morte) em uma estreita questão moral, porque nesse caso específico, colocar essas coisas fora de plano seria no mínimo covarde.



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8 comentários

  1. To bem curiosa pra ler essa historia.
    confesso que quando saiu essa edição nao fiquei com tanta vontade de ler, mas depois fui lendo resenhas, vi que era de um filme neh, que nao lembro se assisti mas as imagens sao bem familiares pra mim, e cada vez mais curiosa e gostando da historia pelos posts e videos que lia. Como esse!!
    Eu amei essa parte das mulheres da historia, do protagonismo delas. To muito mais curiosa pra ler.

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    1. Oii Ariela,
      Vale a pena ler esse livro e depois ver o filme. Oprotagonismo feminino é o auge da narrativa desse livro.

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  2. Eu ainda tenho dúvidas se o livro é melhor que o filme ou vice versa. Juro que não sei. O filme já perdi as contas de quantas vezes vi. Sabe quando você está tendo um dia ruim? Eu me curo revendo ele.
    O livro além de ser belíssimo, é a mesma coisa. E sim, pretendo reler no próximo ano.
    É como uma injeção de ânimo!!!!
    Por isso, amei os motivos e a gente sabe que há muito mais!!!
    Beijo

    Angela Cunha/O Vazio na flor

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    1. Eu assisti o filme primeiro e depois li o livro... Confesso que, é uma experiência diferente. Porém, essa foi uma das melhores leituras do ano!

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  3. Depois que li "A quinta estação" estou cada vez mais querendo dá prioridade oara leituras com livros carregados de mulheres. Não conheço muito a mitologia praga, mas achei interessante.

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  4. Não costumo ler muito livros con metáfora, mas esse é muito interessante parece uma obra muito bem feita. Ele é repleto de coisas que enriquecer.

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  5. Olá! Moça, agora você me deixou aqui me questionando o porquê de eu não ter lido esse livro ainda, gosto que o enredo nos apresente tantas personagens femininas fortes e que nos traga todas essas reflexões.

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  6. Olá
    Gosto desse tipo de post em que se enumera os motivos para ler tal livro .
    Quase não vejo resenhas desse livro .Também não assisti o filme .Creio que o leitor deve fazer a leitura bem atento porque são tantas metáforas. Muito interessante também ter informações sobre a mitologia celta pagâ.

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