Nunca senti minha alma tão vazia.
Tão inútil. Sem pertencer a ninguém.
Nunca vi a chuva é uma ficção recheado de dramas existênciais e cotidianas escrito por Stefano Volp lançado ano passado pela Galera Record.
Enquanto escrevo em você, me pego olhando para o meu pulso direito. As cicatrizes ainda estão aqui. Todas elas. Algumas mais profundas do que as outras. Riscam minha pele negra e não me deixam esquecer das vezes em que eu desejei sangrar até a morte.
Nunca vi a chuva é narrado em primeira pessoa por Lucas, em forma da escrita um diário terapêutico solicitado por sua psicóloga. Lucas foi adotado por uma família rica e mora em Portugal. Aparentemente Lucas tem uma vida perfeita se não fosse pelas marcas dos cortes em seu pulso... Conhecemos Lucas através da sua escrita terapêutica. Ele ainda é considerado um adolescente de dezenove anos e faz o leitor compreender aos poucos as suas crises existênciais comum de um adolescente. Apesar de, ter sido adotado por uma família rica que mora em Portugal os seus pais são ausentes... Deixando-o aos cuidados da empregada.
Stefano Volp
Ano: 2023
Páginas: 225
Editora Galera
Avaliação: ☕☕☕
A história começa quando Lucas descobre a traição do seu melhor amigo com a sua namorada e resolve dar o fim a sua vida... No ato, alguém manda um vídeo do Youtube de Rafael um adolescente com a mesma idade e com aparências semelhantes à de Lucas.
⚠️Aviso de gatilhos: Negligencia e abandono parental abuso de álcool e drogas ilícitas por adolescentes, tentativa de suicídio, depressão e aborda temas como ansiedade e luto. Embora tenha protagonismo PCD um dos personagens é bastante capacitista em várias situações.
Sinopse: Se todos acham que você tem a vida perfeita, como seria justamente você a discordar? De Stefano Volp, uma das vozes mais potentes e brilhantes da nova geração de autores nacionais. Nunca vi a chuva convida o leitor a entrar no diário e na mente de Lucas, um jovem em busca do próprio caminho em um mundo ao qual parece não pertencer, não importa o quanto tente.
Em teoria, Lucas parece ter a vida perfeita. Adotado por uma família rica, ele mora em Portugal, tem amigos e uma namorada que ama. Mas se não há nada do que reclamar, então de onde vem esse vazio que não consegue evitar sentir? Quando as brigas com os pais e uma desilusão amorosa o levam a um limite do qual já se aproximava a passos largos, o jovem decide que não há mais motivo para viver. Prestes a tomar uma decisão da qual não há retorno, uma mensagem em seu celular o faz repensar tudo: um vídeo de alguém idêntico a ele, exceto pelo fato de ter uma deficiência visual. Incrédulo com essa reviravolta, Lucas resolve abandonar a vida em Portugal e partir rumo ao interior do Rio de Janeiro atrás de respostas sobre quem é o seu gêmeo e o que isso pode revelar sobre seu passado.
Às vezes, dentro de mim, acho que eu sou mais sensível do que pareço. Até tenho vontade de chorar, mas as lágrimas não vêm. É como se eu não soubesse mais produzi-las.
Stefano Volp nasceu em 1990, no Espírito Santo, e radicou-se no Rio de Janeiro. Escritor, roteirista e tradutor, é autor de Homens pretos (não) choram, O beijo do Rio e O segredo das larvas. Volp vive com o companheiro, é viciado em bolo de festa e escreve roteiros para o audiovisual. –Este texto se refere à uma edição esgotada ou disponível no momento.
A minha percepção durante a leitura é que a escrita terapêutica não funcionou durante essa narrativa. O protagonismo de Lucas e Rafael seria melhor explorado se os capítulos fossem divididos entre dois pontos de vista. Nas primeiras páginas, a imaturidade de Lucas é bastante irritante... Ele é um garoto imaturo para um garoto de dezenove anos que precisa “sair da bolha” e viver uma realidade diferente da sua... Embora, sua família adotiva seja rica eles são pais negligentes. Durante a narrativa Lucas fala que seus pais iam em várias viagens e deixava-o aos cuidados da empregada... Enquanto leitora eu também fiquei indignada com a gestação da mãe depois de dezenove anos! É bastante compreensível a sensação de abandono e de não encontrar um lugar naquela família. O ponto alto do livro foi o encontro do Lucas com o Rafael no Rio de Janeiro, esse é o choque de realidade em que Lucas precisava para amadurecer e dar mais valor aos seus pais adotivos e encontrar motivos suficientes para continuar vivo.
A leitura de Nunca Vi A Chuva foi uma leitura rápida. Mas, cheia de furos e personagens sem sentido que não se aprofundou em nenhum assunto importante para o transcorrer da história. O protagonismo PCD é marcado com bastante capacitismo do personagem principal. Apesar de tudo isso, eu gostei da leitura.
Isso vai ser difícil de explicar, mas a verdade é que não era bem como se eu quisesse tirar a minha vida, eu só queria fazer a angústia parar.
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