7 de dez. de 2022

Resenha: Flores para Algernon.


“inteligência e educação sem doses de afeto humano 
não valem droga nenhuma.”


O livro Flores para Algernon é narrado por Charlie Gordom um homem de 30 e poucos anos de idade que tem uma deficiência intelectual. Não temos muitos detalhes precisos sobre diagnósticos e o livro não se prende em "rotular" Charlie.

Aviso de conteúdo: Esse livro contém gatilhos pois fala sobre: Saúde Mental, sofrimento psíquico violência na primeira infãncia, Bulling e suicídio. A relação social de uma pessoa com Deficiência Intelectual. A Crueldade e a falta de empatia das pessoas "normais" com pessoas deficientes intelectuais como o Charlie...

Os Capítulos são escritos em formato de "Relatório de Progresso" que ele vai descrever sobre o seu dia-a-dia antes de passar por um experimento cientifico. As relações sociais de Charlie Gordom tornaram-se tão superficiais no decorrer da história, que não vejo como "personagens importantes" para a evolução do personagem... Doutor Strauss e o professor Nemur foram os responsáveis pelo experimento cientifico; Alice professora do Instituto para jovens retardados. A artista que era vizinha de apartamento do Charlie.

Que estranho é o fato de pessoas de sensibilidade e sentimentos honestos, que não tirariam vantagem de um homem que nasceu sem braços ou pernas ou olhos, não verem problema em maltratar um homem com pouca inteligência.

Flores para Algernon é o título de um conto de ficção científica e romance do escritor americano Daniel Keyes. O conto, escrito em 1958 e publicado pela primeira vez na edição de abril de 1959 da Revista de Fantasia e Ficção Científica , ganhou o Prêmio Hugo de Melhor Conto em 1960. O romance foi publicado em 1966 e foi co-vencedor do mesmo ano Prêmio Nebula para Melhor Novela (com Babel-17 ). Algernon é um rato de laboratório que passou por uma cirurgia para aumentar sua inteligência. A história é contada por uma série de Relatórios de Progresso escritos por Charlie Gordon, o primeiro sujeito humano para a cirurgia, e aborda temas éticos e morais, como o tratamento de deficientes mentais



Flores para Algernon
Autor: Daniel Keyes
Tradutora: Luisa Geisler
Editora: Aleph
Ano de publicação: 1966
Ano desta edição: 2018
288 páginas
Avaliação: ☕☕☕☕☕

Sinopse: Uma cirurgia revolucionária promete aumentar o QI do paciente. Charlie Gordon, um homem com deficiência intelectual grave, é selecionado para se o primeiro humano a passar pelo procedimento. Em um avanço científico sem precedentes, a inteligência de Charlie aumenta tanto que ultrapassa a dos médicos que planejaram o experimento. Entretanto, Charlie passa a ter novas percepções da realidade e começa a refletir sobre suas relações sociais e até sobre o papel de sua existência.


Daniel Keyes (9 de agosto de 1927 - 15 de junho de 2014) foi um escritor americano que escreveu o romance Flores para Algernon . Keyes recebeu a homenagem de Autor emérito da Science Fiction and Fantasy Writers of America em 2000.

Até um homem de mente fraca quer ser como os outros homens. Uma criança pode não saber como se alimentar, ou o que comer, mas ela conhece a fome.

A minha identificação com a história deu-se pelo fato de eu ser formada em Psicologia e ouvir muitas vezes durante a minha graduação o "nojinho" presente nos relatos dos estagiários em trabalhar com saúde mental. Ao decorrer da narrativa de Charlie Gordon eu lembrei da frase de Carl Jung "Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.". Faltando alma naqueles personagens cheios de diplomas e teorias...


Mas, lidando com as pessoas com deficiência intelectual como sendo apenas objetos de estudo. O Charlie Gordon é um personagem encantador e muito bem construído. Ele é um personagem tão bom, mesmo depois de se tornar um gênio. O ruim são as pessoas em sua volta... Principalmente depois dos resultados do experimento. Durante a leitura percebemos que avanço intelectual não quer dizer desenvolvimento emocional e social. E esse foi um fator importante na construção do personagem.


“Não mimporto muito em ser famoso. Só quero ser esperto como as outras peçoas para poder ter amigus que gostam de mim.”

Apesar de sabermos que, no fim do labirinto, a morte nos aguarda (e isso é algo que nem sempre soube, até pouco tempo atrás, pois o adolescente em mim pensava que a morte acontecia só com outras pessoas), vejo agora que o caminho escolhido pelo labirinto me faz quem sou. Não sou apenas uma coisa, mas também uma maneira de ser – uma das muitas maneiras –, e saber os caminhos que percorri e os que me restam vai me ajudar a entender o que estou me tornando. No inicio, vimos um Charlie que trabalha na padaria Donner. Em suas relações sociais vimos personagens tão sujos, que se aproveitavam da falta de intelectualidade e ingenuidade do Gordon, pessoas que se diziam amigos, mas na verdade só usavam-no como motivo de piada. Charlie estuda 3x por semana Instituto Beekmin para adultos retardados.

“Se você é intelijente você podi ter muitos amigos pra conversar e você nunca fica solitário sosinho o tempo todo.”


Enquanto leitor, nós conseguimos sentir as nuances dos sentimentos e pensamentos de Charlie pelos Relatórios de Progressos escritos por ele mesmo, com alguns erros de português. No inicio, devido a sua deficiência intelectual e depois do experimento cientifico quando ele chegou no topo da inteligência e percebe a sua verdadeira relação com o ciclo social onde ele estava inserido... O livro Flores para Algernon tem uma escrita muito peculiar. Esse livro, não vai falar de invenções loucas ou viagens no tempo, nem nada desse tipo. Trata-se de uma ficção científica mais psicológica. Porém, não criem expectativas durante a leitura e mantenham-se conectados com o Charlie com todas as suas nuances de pensamentos e sentimentos.

4 comentários

  1. Mais um daqueles livros que a gente olha pra estante e ele está lá, no plástico ainda. Mas mesmo assim, te olhando torto, pois é mais um ano que se encerra e você simplesmente não foi conhecer a vida de Charlie!
    Ficou para 2023...
    Mas lerei!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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  2. Um livro que cala fundo na alma.
    Uma leitura que me devastou

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  3. Já faz uns anos que li esse livro, mas ainda o tenho na mente e penso nele com frequência. Lembro de ter descoberto o livro por um episódio da série Person of Interest, mas na época não tinha edição em português. Fiquei muito feliz quando a Aleph lançou e não me decepcionei com a leitura. É daqueles livros que ficam com a gente, que geram debate, que sempre serão discutidos, não importa a época.

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