11 de dezembro de 2023

Resenha: A AMIGA GENIAL #01 - ELENA FERRANTE.


"Nunca deixe os estudos, você não pode parar de estudar, você é minha amiga genial”.



O que move toda a narrativa é a amizade de Elena e Lila (Raffaella), seus encontros e desencontros desde a infância até os dezesseis anos. As duas se unem, brigam, fazem planos, competem, estão sempre atreladas, mas com uma tensão pairando no ar. Lila é uma criança com uma inteligência acima da média, sempre se sobressaindo à amiga Elena, narradora da história. As duas têm um futuro promissor pela frente, principalmente em relação aos estudos; porém, moram em um bairro pobre marcado pela violência, gritos e agressões dos adultos, que, de uma forma ou de outra, tentam minar o sonho das garotas que almejam uma vida melhor. A Amiga Genial é sobre duas garotas que passam por situações de todo o tipo em uma Itália devastada e em constante mudança, precisando lidar com homens grosseiros, famílias violentas, jovens invejosos, professores rígidos, pobreza, transformações do corpo, primeiros amores. E o jeito com que a autora conduz a trama, tecendo a história com tantos detalhes e nuances, nos faz abraçar o livro e não querer que ele acabe nunca.


Livro: A Amiga Genial
Escritora; Elena Ferrante
Tradução: Maurício Santana Dias
Editora; Biblioteca Azul
Páginas; 336
Ano de lançamento; 2015
Avaliação; ☕☕☕


Sinopse: A Série Napolitana, formada por quatro romances, conta a história de duas amigas ao longo de suas vidas. O primeiro, A amiga genial, é narrado por Elena Greco e cobre da infância aos 16 anos. As meninas se conhecem em uma vizinhança pobre de Nápoles, na década de 1950. Elena, a menina mais inteligente da turma, tem sua vida transformada quando a família do sapateiro Cerullo chega ao bairro e Raffaella, uma criança magra, mal comportada e selvagem, se torna o centro das atenções. Essa menina, tão diferente de Elena, exerce uma atração irresistível sobre ela. As duas se unem, competem, brigam, fazem planos. Em um bairro marcado pela violência, pelos gritos e agressões dos adultos e pelo medo constante, as meninas sonham com um futuro melhor. Ir embora, conhecer o mundo, escrever livros. Os estudos parecem a melhor opção para que as duas não terminem como suas mães entristecidas pela pobreza, cansadas, cheias de filhos. No entanto, quando as duas terminam a quinta série, a família Greco decide apoiar os estudos de Elena, enquanto os Cerullo não investem na educação de Raffaella. As duas seguem caminhos diferentes.

A vida era assim e ponto final, crescíamos com a obrigação de torná-la difícil aos outros antes que os outros a tornassem difícil para nós.

Elena Ferrante é o pseudônimo de uma escritora italiana, cuja identidade é mantida em segredo. Especula-se que seja uma tradutora. A autora concede poucas entrevistas, todas elas por escrito e intermediadas pelas suas editoras italianas. Nelas, explica que optou pelo anonimato para poder escrever com liberdade, e também para que a recepção de seus livros não seja influenciada por uma imagem pública. Especula-se, com base nas suas obras, que tenha nascido em Nápoles, uma vez que livros como a tetralogia "Série Napolitana", trazem uma descrição detalhada da cidade e de seus costumes. Através de suas obras, é possível perceber que Elena Ferrante apresenta um sólido conhecimento dos autores clássicos gregos e latinos. 

A Amiga Genial é um romance de formação. Tenho a impressão de estar assistindo a uma novela do cotidiano... A narrativa não tem grandes acontecimentos. Mas, somos transportados para uma Itália pós-guerra para aquela vida, e o personagem citado no início, que mal parece ter relevância, acaba sendo inserido em alguma história no decorrer da narrativa. As brigas de Melina e a mulher de Sarratore, ou a máfia de Dom Achille, tudo parece se encaixar em algum momento. A amizade de Elena e Raffaella (além, de ser o fio condutar da narrativa) fez enquanto leitora reconhecer as nuances da personalidade dos personagens e da dinâmica da amizade feminina.

Mas em meia hora as dúvidas chegaram, e senti a necessidade de confirmações. A quem eu poderia mostrar meu texto para ter uma opinião? A minha mãe? Aos meus irmãos? Um Antônio? Não, obviamente: a única era Lila. Mas a necessidade de ela continuar lhe atribuindo uma autoridade, quando de fato, agora, era eu que sabia mais que ela. Assim, de início, resisti à ideia. Temi que liquidasse minha meia página com uma frasezinha depreciadora.
Eu sempre me surpreendo com a escrita de Elena Ferrante. Os personagens Elena e Lila (Raffaella) são de fácil identificação todos já foram e já tiveram uma Amiga Genial e durante toda a narrativa a Ferrante “joga” com o leitor sobre quem é a Amiga Genial, mas, enquanto leitora eu percebo a genialidade nessas duas personagens tão diferentes unidas por uma amizade cheia de nuances.


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