— Tem dias bons e dias ruins, Deidre disse. Penso que deve ser assim para a maioria de nós.
Quando eu terminei a leitura do livro Cores Vivas (Orange boy) da escritora Patrice Lawrence eu percebi que "a empatia é um exercício constante..." e o quanto é necessário ter empatia também pelos personagens literários.... Eu escrevi no Primeiras Impressões que "eu iria segurar na mão do personagem principal Marlon independente dos seus erros durante toda a história... ". Mas, eu não consegui.
Esse livro contém gatilhos pois fala sobre: Racismo, abuso e tráfico de drogas ilícitas e a realidade das gangues americanas e violência policial.
A narrativa do livro “Cores Vivas (Orange boy)” é escrito em primeira pessoa e com a leitura fluida O livro, trata-se da história de Marlon que promete para a sua mãe que ele não se meteria em problemas. Não como seu irmão, Andre líder de uma gangue que pagou um preço alto pelo caminho que escolheu. Sempre foi mais fácil ficar na dele, no quarto, ouvindo os antigos discos do Earth, Wind & Fire de seu pai e assistindo a filmes de ficção científica. Até que ele conhece Sonya. Uma garota linda da escola que, contra todas as probabilidades, lhe dá uma chance.
Título original: Orangeboy
Autora: Patrice Lawrence
Tradutora: Cecília Floresta
Editora: DarkSide Books
Ano:2019
Páginas:304
Gênero: YA | Ficção
Avaliação:☕☕☕..
"Mas a maioria deles falava assim, meio moleque, meio homem, bem um lance das ruas de Londres."
A Darkside tem edições muito lindas... Mas, essa edição está maravilhosa demais! O corte do livro além de colorido imita os grafites que vemos nos muros da cidade urbana. A autora Patrice Lawrence nasceu em Brighton, Sussex. Com mestrado em escrita para cinema e tv, teve a ideia para Cores Vivas quando participou de um curso de escrita forense da Arvon Foundation. O livro venceu o ya Book Prize e o Waterstones Children’s Book Prize for Older Children em 2017, e foi finalista do Costa Children’s Book Award em 2016.
Sinopse: Marlon prometeu. Ele não se meteria em problemas. Não como seu irmão, Andre, líder de uma gangue que pagou um preço alto pelo caminho que escolheu. Sempre foi mais fácil ficar na dele, no quarto, ouvindo os antigos discos do Earth, Wind & Fire de seu pai e assistindo a filmes de ficção científica.
Até que ele conhece Sonya. Uma garota linda da escola que, contra todas as probabilidades, lhe dá uma chance. Mas o primeiro encontro dos dois termina em tragédia e, de uma hora para outra, Marlon se torna suspeito e não entende o porquê. Com seu pai morto e o irmão incapaz de ajudá-lo, ele não tem escolha a não ser entrar no mundo de Andre — um mundo violento, cruel e desumano — para descobrir a verdade e proteger as pessoas que ama.
"Devíamos ser quatro pessoas ali, sentadas à mesa e contando piadas, mas uma estava morta e o outro tinha mudado muito. Só tínhamos sobrado minha mãe e eu."
Durante a leitura do livro Cores Vivas eu lembrei de uma frase de outro livro que eu li faz um tempo... O livro O ódio que você semeia. "Mas é engraçado como funciona com os adolescentes brancos. É maneiro ser negro até ser difícil ser negro.". Marlon um adolescente negro de 16 anos e um nerd com um repertório musical invejável...
Mas, um garoto imaturo tanto por sua idade quanto na "bolha" de proteção que ele foi criado... Como o personagem mesmo falava o Marlon caseiro sempre foi mais ficar na dele, no quarto, ouvindo os antigos discos do Earth, Wind & Fire de seu pai e assistindo a filmes de ficção científica... O racismo estava presente na primeira abordagem da policia quando Marlon estava com as drogas de Sonya mas, ao tentar explicar que as drogas não era dele ele estava somente guardando a sua pele negra foi questionada...
“... Meu irmão mais velho, meu irmão gângster malvadão, isso era tudo o que ele tinha pra oferecer. E o lance era: foi esse cara quem começou tudo! Se ele e o Sharkie não tivessem dado as saidinhas deles, se ele ficasse em casa e só continuasse a ser uma pessoa normal, eu não estaria aqui. E agora ele simplesmente se fechou nele mesmo e me deixou sozinho pra lidar com as coisas.”
Querendo ou não o irmão Andre era uma referência para Marlon ele era "o irmão mais novo" de Andre um gangster... E isso torna-se um peso para quem tem "irmãos" não ter um protagonismo sem ser comparado com os erros/acertos do primogênito. Durante a narrativa, não foram poucas as vezes que eu gritava por dentro "Marlon, conta para sua mãe!". Marlon, realmente não sabia nada sobre a vida das ruas... Andre ficou com seqüelas irreversíveis ele era o único que podia tirar Marlon daquela situação... O APRENDIZADO DESSA LEITURA É QUE O MUNDO ESTÁ ERRADO e independente de fazer o certo/errado a probabilidade de dar muito errado é sempre maior.
“Era tipo a escola multiplicada por um milhão. Tem uma pessoa que está acima de você, provocando pra caramba, esperando uma resposta sua pra ela poder te derrubar no chão. Você tem que esperar, engolir tudo, não dar esse prazer pra ela.”
Embora, Sonya seja uma personagem que já esta morta no inicio da história queria que ela fosse mais trabalhada durante a narrativa. Soubemos somente que "Ela era uma adolescente loira com uma beleza estonteante possuindo belos pares de ollhos azuis..." . Ela era uma adolescente que era niglegenciada tanto pela mãe solo que era usuaria de drogas quanto, pela avó que visivelmente não sabia nada sobre a neta que era considerada um "estorvo" pela vizinha de sua avó.
A narrativa em primeira pessoa do personagem Marlon um adolescente de 16 anos não soou forçado, com gírias sem sentido. Perdi tudo quando ouvi a expressão "chavoso". Eu ouvi essa expressão pela primeira vez no estágio de psicologia escolar em uma escola pública... Eu esperava um final aberto, como um suspense. Juntando tudo isso, Cores Vivas é uma obra sensacional que aborda temas de vivências raciais e abre caminhos para muitas discussões.
A Darkside capricha nas edições. Gosto muito dos livros que publicam e essa edição parece ser um espetáculo. Tomei nota aqui para uma futura-leitura, gostei da proposta. Mas, no momento, não posso nem pensar em adquirir mais livros. Tenho muitos por ler. Sem contar os manuscritos. Mas eu amo livros que geram debates e discussões a respeito com a realidade.
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