8 de outubro de 2023

Resenha: Gay de família - Felipe Fagundes.

"Minha família está sempre entregando o que promete: decepção.
Não sei dizer se isso me deixa puto ou admirado do quão coerentes todos eles são.".

Gay de família é a estreia de Felipe Fagundes na editora Paralela. O livro tinha sido primeiramente publicado como novela de maneira independente; ao ser contratado pelo selo adulto de entretenimento do grupo Companhia das Letras, ganhou cenas extras para se transformar em romance. 



O livro é narrado sob a perspectiva de Diego. A narrativa em 1° pessoa faz o leitor entender todos os ressentimentos e traumas que Diego carrega dos seus pais desde a infância... Conhecemos os traumas do personagem de uma infância sofrida onde o preconceito (racismo/homofobia) estava presente em vários momentos de sua infância. O Diogo entra no combo por nunca ter protegido Diego dos seus pais. 


"Mal tive tempo de me acostumar a ser tio, mas, pelo andar da carruagem, até domingo já terei deixado de ser, se todos os meus sobrinhos estiverem mortos."

Diego: Diego é homossexual e não deixa isso passar batido. Cheio de personalidade e piadinhas ácidas, está fazendo tudo o que pode para levar sua vida de um jeito fácil e ainda conseguir um date no meio tempo. Ao conhecer seus sobrinhos, ele percebe que tem muito a aprender com eles – e muito a ensinar também. 

Diogo 1 – Ester: O Diogo mais velho, Ester, é uma menina tranquila e silenciosa, que esconde na sua timidez muita personalidade e conhecimento. O único problema é que, mesmo sendo muito inteligente, ainda não descobriu um jeito de não ser confundida com a mobília. 

Diogo 2Miguel: Diferente da irmã, Miguel, o Dioguinho do meio, instaura o caos por onde passa. Sua brincadeira preferida é criar uma zona de guerra de brinquedos e móveis no meio da sala, além de tudo que envolva princesas e sereias. 

Diogo 3Gabriel: O menor dos Diogos, Gabriel, tem três anos e é tão peculiar quanto seus irmãos, ou até mais. Ele só veste preto e tem uma obsessão por tudo que é mórbido, além de levar seu amigo imaginário João Augusto (que também é bem esquisito), para todo lugar. 

A gata – Suzie: Essa gata de cara amassada impõe medo em qualquer um que chegue perto. Feiosa e arisca, é melhor não cruzar o caminho dela. Ela pode arranhar e morder, ou pior: te julgar. Mas como seus pequenos donos, ela também esconde um lado carinhoso. 



Gay de Família
Autor: Felipe Fagundes
Páginas: 272
Editora: Paralela
Avaliação: ☕☕☕☕☕



Diego nunca teve uma boa relação com seus pais e irmão, por isso evita a presença deles em sua vida. Porém, quando seu irmão, Diogo, surge pedindo um favor no momento que Diego está prestes a viajar com os amigos, ele enxerga uma oportunidade de conseguir uma boa grana.

⚠️ Alerta de conteúdo: Negligência parental, o racismo e a homofobia estão presentes em   várias lembranças do personagem principal  e é vivenciado durante toda a narrativa. Esses conteúdos que podem ser sensíveis para os leitores e despertar gatilhos emocionais.
Sinopse: Diego espera tudo de ruim dos próprios parentes, mas tudo mesmo. Que o pai tenha uma segunda família. Que a mãe comande um esquema de tráfico humano. Que o irmão lave dinheiro. Por serem versados em todos os crimes do manual da família tóxica, Diego decidiu ser gay bem longe deles. E tudo vai muitíssimo bem, obrigado. Porém, às vésperas de uma viagem aguardadíssima com amigos, seu irmão aparece implorando por um favor: que Diego seja babá dos três sobrinhos por um final de semana, crianças com as quais ele nunca conviveu. De olho na grana que o irmão promete pagar e acreditando piamente no seu potencial como tio, ele aceita a proposta sem imaginar que os pequenos são, no mínimo, peculiares. O que a princípio parece moleza, mesmo envolvendo uma gata demoníaca, um amigo imaginário e um porteiro potencialmente sádico, acaba se revelando um desafio quando Diego percebe que terá que revirar seus sentimentos e provar que pode dar conta do recado, sem perder o rebolado que apenas um tio gay é capaz de manter.

"O que mais me irrita nessa família é que elas estao sempre dizendo o que posso ou não fazer."

FELIPE FAGUNDES nasceu em 1991 e cresceu em Nova Iguaçu, cidade da Baixada do Rio de Janeiro. Este é seu primeiro livro publicado, mas desde sempre escreve histórias bem-humoradas que, na verdade, são dramas disfarçados. Seus assuntos favoritos são família, amizades complicadas e relacionamentos em geral. Atualmente, mora com o marido no Rio de Janeiro, e você pode encontrá-lo no Twitter e no Instagram (@felipe_fgnds).


A minha percepção durante a leitura de Gay de Família é que é um livro extremamente necessário com assuntos muito delicados sobre traumas de infância. O Diego tinha mágoas de seus familiares muito enraizadas e com memórias de sofrer racismo e homofobia dentro de casa. Embora, eu saiba que o personagem principal de Gay de Família era o Diego eu gostaria de saber como Diogo conseguiu lidar com a toxicidade familiar e com a falta do seu irmão. Quando ele começou a reviver esses traumas através dos sobrinhos eu tive impressão de que ele também se curava das suas dores: ensinando a Ester se defender e defender os seus irmãos; mostrar ao Miguel que não tem nada de errado gostar de sereias e princesas; Gabriel era o mais novo dos irmãos que só usava a cor preta e tinha um amigo imaginário. Naquele final de semana, sentiu que precisava proteger aquelas crianças de alguma maneira dos traumas que ele mesmo sofreu na infância.

"Família é uma palavra vazia se não tem alguém para dar uma raquetada por você."

A frase que o Diego diz "Família é uma palavra vazia se não tem alguém para dar uma raquetada por você.". Consegue definir o papel que o irmão tem em uma família. Eu sou filha única então eu não tenho essa experiência de irmandade. Eu sou a prima mais velha tanto da família materna quanto paterna. Mas, os meus primos aos poucos ganharam irmãozinhos e logo percebi que são laços familiares diferentes... 


Eu fiz a leitura de Gay de família em um final de semana. Eu ri e chorei durante toda a narrativa, a escrita de Felipe Fagundes é bastante ousada usando o linguajar da comunidade LGBTQIAP+ e também me fez rir com um dos agradecimentos mais criativos que já li. 



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