20 de nov. de 2020

Resenha: O Ódio que Você Semeia, Angie Thomas.

O Ódio que Você Semeia é um lançamento da Galera Record. Escrito pela autora Angie Thomas vencedor do Newbery Honor Award e primeiro lugar nos mais vendidos do New York Times, assim como é adotado em diversas escolas nos EUA.


Mas é engraçado como funciona com os adolescentes brancos. É maneiro ser negro até ser difícil ser negro. Um sorriso grande e largo se abre no rosto da Sra. Rosalie. Ela estiva os braços, e eu vou até o abraço mais verdadeiro que já recebi de alguém que não tem parentesco comigo. Não tem piedade no abraço. Só amor e força. Acho que ela sabe que preciso das duas coisas.


A história acompanha a adolescente Starr. Ela e Khalil, seu melhor amigo, saem de uma festa e são parados por uma viatura da polícia durante a noite. Starr aprendeu desde cedo como uma pessoa negra deve se comportar frente a um policial: sem movimentos bruscos, mãos onde ele possa ver. A triste realidade do que o ódio e o julgamento podem fazer por causa da cor da sua pele. Um movimento errado, uma suposição e Khalil é assassinado, deixando para trás o trauma na garota e o peso da injustiça. Starr é a única testemunha do crime, e precisa aprender a própria voz para clamar justiça antes que as investigações levem a culpa para cima do garoto.


As despedidas doem mais quando a outra pessoa já partiu.






Título: O Ódio que Você Semeia
Autora: Angie Thomas
Editora: Galera Record
Gênero: Young Adult
Idioma: Português
Páginas: 378








Sinopse: Uma história juvenil repleta de choques de realidade. Um livro necessário em tempos tão cruéis e extremos. Starr aprendeu com os pais, ainda muito nova, como uma pessoa negra deve se comportar na frente de um policial. Não faça movimentos bruscos. Deixe sempre as mãos à mostra. Só fale quando te perguntarem algo. Seja obediente. Quando ela e seu amigo, Khalil, são parados por uma viatura, tudo o que Starr espera é que Khalil também conheça essas regras. Um movimento errado, uma suposição e os tiros disparam. De repente o amigo de infância da garota está no chão, coberto de sangue. Morto. Em luto, indignada com a injustiça tão explícita que presenciou e vivendo em duas realidades tão distintas (durante o dia, estuda numa escola cara, com colegas brancos e muito ricos - no fim da aula, volta para seu bairro, periférico e negro, um gueto dominado pelas gangues e oprimido pela polícia), Starr precisa descobrir a sua voz. Precisa decidir o que fazer com o triste poder que recebeu ao ser a única testemunha de um crime que pode ter um desfecho tão injusto como seu início. Acima de tudo Starr precisa fazer a coisa certa. Angie Thomas, numa narrativa muito dinâmica, divertida, mas ainda assim, direta e firme, fala de racismo de uma forma nova para jovens leitores. Este é um livro que não se pode ignorar.


Tupac disse que Thug Life, “vida bandida”, queria dizer “The Hate U Give Little Infants Fucks Everybody”, ou “o ódio que você passa pra criancinhas f@*# com todo o mundo”.


Dou uma risada e roubo umas balas dela. O namorado de Maya, Ryan, por acaso é o único outro menino negro do segundo ano, e todo mundo espera que a gente fique junto. Porque, aparentemente, se nós somos só dois, temos que participar de alguma porra estilo Arca de Noé e fazer par para preservar a negritude do nosso ano.

A primeira vez que ouvi sobre esse livro foi no canal | All About That Book | eu fico aprensiva de ouvir resenhas por medo de ter algum spoiler e perder o encantamento de ler a história. Eu tive um presentimento bom ouvindo a resenha da Mayara e desde então, quis adiquirir o livro.


– Mas Khalil não ficou parado, ficou? – diz ela.– Ele também não puxou o gatilho contra ele mesmo.

– Isso é a suposta arma – explica a Sra. Ofrah. – O policial Cruise alega que a viu na porta do carro e supôs que Khalil estava indo pegar. O cabo era grosso e preto o bastante para ele supor que era uma arma.– E Khalil era preto o bastante.


É um tipo de leitura que te causa impacto nas primeiras páginas... Não é um livro fácil, não é uma história simples. É a realidade sem maquiagens. É a ficção descrevendo cada detalhe sobre o mundo em que vivemos, expondo os muitos lados dele - e um desses lados é corroído pelo ódio, pela discriminação, pelo preconceito. É impossivel não se indentificar com Starr independente da cor da pele as suas açoes e o seu comportamento são julgados pela cor da sua pele. Starr vive a mesma realidade que muitos outros jovens. Khalil foi assassinado pela mesma realidade que a de muitos outras vítimas.


A narrativa bem humorada de Angie se torna um humor ácido com os acontecimentos pesados que a trama explora, a profundidade é o ponto-chave do livro. Na leitura percebo que temos muitos jovens como Kallil onde as suas vozes foram caladas... Porém, felizmente temos muito jovens como Starr que lutam contra essa realidade todos os dias e que não deixaram calar a sua voz que é a arma mais poderosa contra qualquer injustiça.

Às vezes, você pode fazer tudo certo, e mesmo assim as coisas dão errado. O importante é nunca parar de fazer o certo.




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